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Professor, Músico, Audiófilo, Cientista Político, Jornalista, Escritor de 1968.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Os Cabeludos, O Rock renasce em Porto Alegre

Certo dia eles se encontraram e começaram a ensaiar. Na praia, pra suprir a demanda de grupos que tocassem Rock, coisa rara na época do início dos pagodes, funks, dance music e sertanejos na moda e outras oitentices decadentes. O bagulho era tocar Rock’n Roll e eles capricharam: Beatles, Rolling Stones, The Who, Eric Clapton. O Bar que queria os shows, lotara no ano anterior, 1991. Agora junto com a banda Ceres, integrada por Carlo Pianta e Biba Meira, remanescentes do De Falla, eles iriam incendiar as noites do Imbé, no Brodonhoca’s, que superbombou de novo em 92.

Três belas semanas de puro descanço e Rock’n Roll em Imbé City, morando na casa dos Irmãos Metz, Ângelo (Guitarra e Vocal) e Lorenzo (Bateria). Homero Luz (vocal) e Lawrence David (baixo e vocal) se lançavam na mais incerta e imprevisível jornada musical que um grupo de Rock, empreenderia no cenário de Porto Alegre até então.

Homero foi vocalista da Anos Blues, banda inovadora no cenário portoalegrense fazendo Rythm’n Blues no estilo Chicago. Lawrence integrou a Ópera Bufa e era músico de baile, enquanto Ângelo fazia faculdade de música e Lorenzo se iniciava na prática da bateria. Eram antes uma turma de amigos que tocavam as músicas de que gostavam.

Improvisavam sempre um repertório alternativo mais comercial. Até pagode, Jorge Benjor e carnaval tocaram. Foram provavelmente um dos primeiros grupos de Porto Alegre a conseguir uma mini-temporada como banda da casa na praia da Ferrugem próxima a Garopaba. No Show de Ano Novo 92-93, contaram com a presença do Robério, baixista do Camisa de Vênus, que veraneava ali desde muito cedo nos anos 80.

Em porto Alegre estrelaram muitas noites no Clube de Jazz, onde contavam com a canja eventual de Ianto Laitano, que formaria a Bilirrubina. Muitos músicos bons da noite viram o show e se encantaram com a performance dinâmica, que oscilava entre climas suaves e pesados, caprichando no virtuosismo instrumental, com todos os músicos cantando em ótimos arranjos vocais. A fama do grupo se espalhou e foram levados para o Da Vinci, bar da 24 de Outubro que abria, na onda do renascimento do Rock em 1992, impulsionada pelo fenômeno Nirvana, que, aliás, estava sempre no repertório dos Cabeludos.

A Apresentação, já com Lawrence tocando Fretless foi espetacular, deixaram todos boquiabertos e o dono de um estúdio onde a Pura Sangre ensaiava (banda que misturava TNT e Cascavelletes e teria o vocal de Homero) lhes deu o estúdio livre para que fizessem um repertório próprio. Com tudo na mão, aí estavam felizes. Uns dois dias depois, durante o que seria o primeiro encontro para preparar um disco, Ângelo e Lawrence se desentenderam por causa de uma bobagem em um arranjo de uma música – que não era grande coisa – que estavam fazendo. Ângelo deixou o estúdio dizendo que aquilo jamais daria certo, e foi o fim.

Eles até voltariam a se apresentar outras vezes, e até voltaram a trabalhar juntos em outros projetos, mas a chama cabeluda nunca mais voltou a brilhar.

PS: Queria agradecer o Fotógrafo Eduardo Aigner, único cara no mundo que fotografou Os cabeludos, autor das fotos aqui postadas.

4 comentários:

  1. Os teus blogs têm qualidade, cutucam e fazem a gente questionar alguns posicionamentos, mas este recentemente criado me levou ao passado, época em que eu já "embalava a vida" com um bom Rock'n Roll, que começou na década de 80, embora nos anos 92/93 eu estivesse meio "enclausurada", sem me presentear com bons shows, dançando e "deixando a música me levar". Hoje a paixão pela boa música se intensifca contigo ao meu lado. Achei o máximo "Música é o Máximo", contando um pouco da tua trajetória artística. Sei que é o começo de um blog que trará enriquecimento a quem o acessar, pelos textos com o conteúdo de quem sabe o que diz. Tu estás de parabéns, querido!

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  2. Obrigado, amor. Criei esse Blog para compartilhar tudo aquilo que está no fundo meu coração, que me é mais caro, através da música. Contarei sempre com o teu apoio e sugestões para engrandecer essa busca por mostrar ao mundo o que eu acho bom. Obrigado!

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  3. Faaaaaaaaaaaala, El LD!
    Pô, véi, fiquei com uma pusta curiosidade de ouvir o som d'Os Cabeludos...
    Bela história essa, um exemplo do que já deve ter acontecido com trocentas bandas e artistas de qualidade que, infelizmente, morreram antes de nascer ou antes de produzir um filhote, ao contrário do que acontece com tantos 'merdalhões' que assolam a indústria usical mundial.
    É isso.
    Aquele abraço!
    ML

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  4. Hi hi hi, é isso. A gente ara muito bom mesmo. Infelizmente, de gravação só quatro covers que eu preciso masterizar pois só tenho em K7. (Não vou ficar, back in The USSR, my generation, sunshine of your love) Eu conto a história toda em um outro post mais adiante. Nós 4 nos falamos lá no facebook e um monte de gente apareceu comentando a foto que o Couve (Lorenzo) postou depois de roubar daqui, inclusive o fotógrafo que fez essas fotos o Eduardo apareceu também.
    O grande problema e que cada um mora em um lugar diferente. Eu tõ mais em eldorado, o couve em Montenegro, o Cibilo (ângelo, Titonho, Samamba) em Los Angeles, e o Homer (Índio) em PoA. A gente até podia se reunir, qua qua qua.
    A galera delirava nos vendo porque ninguém tocava rock 60 e 70 no início dos anos 90. My generation tinha muita energia, sunshine of your love ... Daí pintava um Bowie, Living Colour. De repente rolava um Michael jackson, Marina, Barão Vermelho. Era divertido tocar coisas diferentes num mesmo show, só pra ver a reação do público. Depois que o Kurt apareceu, seattle, aquela porra toda, é que começou, lentamente a aparecer grupos de rock mesmo (a geração dos 90 que eu também vou postar aqui). Então, naquele momento, a única banda da cidade éramos nós ... mas, a gente era muito cabeçudo e brigava muito, era muita pegação de pé, infantilidade ... depois eu trabalhei com o homero uns 6 anos no duo Los Bucaneros, na Anos Blues com o Iben e também na Volume 10. Mas o Cibilo foi pros states, acho, em 95. O Lorenzo é carteiro e voltou pra terrinha. É isso, tenho um monte de histórias do rock gaúcho na mente que vou colocando, aos poucos, aqui.
    Abraços, Maddy!

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