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Professor, Músico, Audiófilo, Cientista Político, Jornalista, Escritor de 1968.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Anos Blues, Chicago em Porto Alegre


Quem me carregou pro meio deles foi o Álvaro Godolphim, grande saxofonista e meu brother, um dos melhores que eu já vi tocar. Iben Ribeiro como ele, gostava de rock desde pequeno, vizinhos na Vila dos Comerciários. Do mesmo povo era o Homero Luz, grande vocalista, Edu Nascimento, percussionista e batera, filho do músico Giba Giba, e Ângelo Metz, natural de Montenegro e aluno de Música da UFRGS. Tinha o Xandi, baixista, que estudava composição também na Federal.


Eu já tinha tocado com o Álvaro em algumas bandinhas quase de garagem, como o Fazendo Suspense, em que tocávamos só som instrumental. Depois levei ele pra Ópera Bufa. Fui um dia bem tarde da noite conhecer o Iben e fiquei batendo um papo até altas horas, curtindo um som setentão. Algum tempo depois eu soube que um povinho desses aí, menos o Ribeiro tinham formado um grupo chamado Ladrões Bolivianos. Chegaram a gravar umas faixas, com o Cláudio Joner, baixista lá de Santa Rosa.
Fui um dia na falecida sede da Terreira da Tribo na José do Patrocínio e escuto alguém tocando Rhythm'n Blues, e bem … chego pra olhar e quem vejo? Eric Clapton em pessoa! Não, melhor, Iben Ribeiro. Cara, o neguinho tocava muito! Com uma guitarra Luffing e um ampli Gianini ele não deixava nada a dever a nenhum outro guitarrista de Blues que eu tivesse ouvido em Poa. Saí curioso pra ver mais uma vez aquele cara que eu já conhecia, e que acho não tinha me reconhecido no dia.


Nessa época, as únicas coisas que eu tinha ouvido do Gênero em Porto foi o Moreirinha e Seus Suspiram Blues (presentes no Rock Garagem 1, histórica coletânea da primeira geração do Rock gaúcho) e, talvez Ecos Do Mississipi? Não lembro se eles já existiam. O Solon nem tinha largado a Prize e o baixo pra tocar guitarra. Acho que isso tudo foi entre 1988 e 89. Em 1990, eu entrei pra Ópera Bufa, voltei a ter atividades musicais, tava parado desde 1986. Meu baixo tava emprestado pro Alexandre Farina (que hoje é jornalista). Ele tava a fim de tocar guitarra e pediu pra eu assumir o contrabaixo. Acabei sabendo que o Iben tinha casado com a Rita Scheid, nova vocalista de sua banda de Blues, que se chamava Anos Blues, e que eles tavam fazendo um som Irado! Ela cantava como a Janis Joplin ou algo parecido. Eles foram assistir um ensaio da Ópera Bufa levados pelo Álvaro e acabaram levando um som, quase fazendo um show especial pra nós. Isso ocorreu na casa do Ronaldo, que trabalhava conosco na época tocando bateria. Tinha o Ênio Medina que tocava uma super gaita de boca e ainda um teclado.
Mais ou menos por esse período, o Godolfa levou eles pra assistir a Ópera Bufa no Porto de Elis. Tava uma corja lá. O show repercutiu bem. A gente tinha gravado umas músicas com o Homero como técnico de som que ficaram legais. Infelizmente, o grupo se desfez 6 meses depois pra ser, mais tarde recriado pelo seu fundador, o guitarrista André Piccinini.


Mais adiante ouvi falar através de uma conhecida que namorou o Ale, a jornalista Paola Oliveira, que o atual namorado dela e guitarrista Júlio Cascaes (que eu já tinha conhecido em uma festa tocando trompete!) tinha entrado na Banda do Iben. Ela me convidou pra assistir um show deles, não sei onde exatamente, acho que era num bar chamado Quarto Mundo que ficava na Ramiro Barcellos. A Rita tinha deixado o vocal assumido pelo Índio e aí era a formação clássica básica, com Iben e Homero dividindo os Vocais, Edu e Xandi na cozinha, o Pato, como era apelidado na época (Júlio) fazendo a segunda guitarra e slide (ele era um show à parte), acrescido pelo Paulo Lata Velha (sax tenor e barítono), casado com a Mirian Ribeiro, atriz e mãe de Iben. Ele dava um toque especial pro quinteto, fazendo linhas de sopro que acabaram se tranformando em base pra introdução de um naipe de sopros futuramente. O octeto clássico completava-se, quando era possível. Devido ao grande número de compromissos, apenas em shows para públicos maiores, completavam o naipe Chico Gomes (trompete) e Marcelo Figueiredo (Sax Tenor). Com esse time aí, eles tocaram por tudo em Porto Alegre, região metropolitana e até no interior, durante 2 ou 3 anos, ficando bem conhecidos. O repertório incluia Albert King, B.B. King, Freddie King, Muddy Waters, Howlin' Wolf, John Mayall, Elmore James, e, eventualmente, alguma composição própria ou rock sessentão como Beatles, Cream ou Stones. É claro, isso foi inspiração pra eu querer o ter coragem de formar bandas com estilo próximo a isso.


Fui e saí do show extasiado! Meu deus, que inveja, eu queria tocar em uma banda assim (por isso montei Os Cabeludos, he he, e depois a Crossed Fingers com o Júlio, quando ele deixou a Anos blues por desentendimentos com Iben). Eu tinha que fazer parte daquela banda, de alguma forma. Acabei, além de camarada e amigo, virando o Fotógrafo. Fiz tudo de graça, por pura camaradagem. Fiquei muito amigo do Homero, com quem, além dos Cabeludos, formaria um duo que durou 5 anos, Los Bucaneros. Acabei indo a muitos outros shows da banda e levando muitos outros amigos e amigas para assistir.
Eu já tava me enfronhando no baile com a Hora H e consegui shows em alguns bares para eles tocarem um blues. Fiz shows com Iben e Júlio juntos comigo e Homero em alguns lugares, na praia, em Esteio, Sapucaia, sei lá, foram tantos shows diferentes e malucos, misturando repertórios. Em um veraneio toda a patota ficou no ap dos Ribeiro em Tramandaí, fazendo um som e veraneando. Foi no famoso verão de 1992 onde iniciaram-se as atividades cabeludas. Eu morei ali quase dois meses, naquele ano.


Nessa época eles acabaram ficando amigos do Nei Lisboa, com quem até gravaram a canção O Bife. Entraram pra aquela série da RBS, Talentos do Sul. Um tempo depois, não me lembro bem porque, o grupo se desfez. Alguns anos depois, por minha amizade com aquele povo, finalmente realizei meu sonho: virei baixista e vocalista da Anos Blues, que tinha um repertório alternativo tocando clássicos do Rock dos anos 60 e 70, aí se chamava Volume Dez. Isso durou até 1998, quando resolvi encerrar minha participação profissional como músico e virei professor.
Ficou a amizade com a maioria dos citados, outros nunca mais vi, com uns poucos me desenterndi. Ficou a saudade de um tempo em que eu andava com uma galera que era a melhor banda de Blues de Porto Alegre. Ficou a saudade de um tempo onde o que era bom, fazia sucesso, tinha espaço e tocava no rádio.


1ª Formação – Iben Ribeiro (Guitarra e vocal), Edu Nascimento (Bateria), Rita Scheid (Vocal), Ênio Medina (Teclado e Harmônica), Bigode (Contrabaixo).

2ª Formação – Iben Ribeiro (Guitarra e Vocal), Homero Luz (Vocal), Julio Cascaes (Guitarra e Slide), Xândi Burnfelt (Contrabaixo), Edu Nascimento (Bateria).

3ª Formação – a mesma que a 2ª mais Paulo Lata Velha (Sax Tenor e Barítono), Chico Gomes (Trompete), Marcelo Figueiredo (Sax Tenor).

4ª Formação – a mesma sem Júlio Cascaes.

Formação final: Iben, Homero e Lawrence David (Baixo e Vocal), e Lorenzo Metz ou Leandro Aragão (Bateria).

Todos os envolvidos, que lerem, por favor deixem comentários corrigindo possíveis informações equivocadas. Conto com a colaboração, obrigado.

6 comentários:

  1. Lawrence, desculpa aí camarada, mas já estava sabendo do seu novo endereço, só que são tantas coisa para fazer q acabei esquecendo.
    Já esta lincado.

    Um forte abraço cumpade

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  2. Pena que não fui a fotógrafa de vocês. Muito legal esta postagem, muita história pra contar.

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  3. Graaaaaaaaaande Larry D!
    Muito bacana toda essa história, que faz parte da sua saga musical particular - o que nós, que somos músicos, de uma maneira ou de outra, profissas ou não, temos dentro de nós e é de um valor tão inestimável, tanto no âmbito íntimo quanto para a história de várias pessoas que viram essas tantas performances e se emocionaram.
    Digo isso de uma maneira geral, mas é mais do que certo que todos nós temos nossas histórias, como também é mais que certo que essas histórias são sempre, sempre muito interessantes.
    Não as deixe de nos contar, caro amigo!!
    Aquele abraço!
    ML

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  4. Com certeza, cumpadi. Vem mais coisa por aí. Eu mostrei pra vários dos envolvidos, e propus que mandem material de seus trabalhos pregressos e/ou atuais pra mim, por e-mail, pra eu divulgar e pirar em cima. se tu tens alguma coisa pessoal, eu até gostria de publicar aqui. Que sabe a história da tua coleção de vinis que fois se acabando em 3 partes, he, he, he ...

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  5. Parabéns Law pelos textos..
    Registrando a memoria da música de POA.
    Fiz as fotos da Anos Blues na época, essas da segunda fase sem a Rita, pois estava cursando a cadeira de fotografia na faculdade, tinha máquina e estúdio. Sorte. E muita produção e divulgação. Fazia toda a divulgação de ônibus, pois fax e email nem existiam. Release batido a máquina. Demorava trÊs dias para fazer toda a divulgação. Mas tínha muita energia.
    Viva nós!
    Paola

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  6. Lalau, tu ainda existes!!!!

    Abraço,

    Daniel/Rio - vulgo Rosinha

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