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Professor, Músico, Audiófilo, Cientista Político, Jornalista, Escritor de 1968.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Deu Caimbra e Carreteiro de Charque, a gênese do fenômeno


Estava eu na flor da idade curtindo os Beatles. Aquela coleção completa que meu pai me deu aos 13 anos em meu aniversário deu um sabor especial à minha paixão. Com uma raquete de frescobol como guitarra improvisada me olhava no espelho imitando meus ídolos. Eu parecia mais o John Lennon, mas queria ser o Paul McCartney. Em breve ganharia um usado baixo Finch Rickenbaker amarelo, meu primeiro instrumento. Por tabela, convenci meus melhores amigos Alexandre e Fernando a serem os outros Beatles. Um comprou uma SG (Giannini) e o outro uma bateria Gope.

Enquanto isso …
… eu ingressava na escola secundária Infante Dom Henrique e conhecia Carlos, Caio, André e Companhia. Em uma tarde de sábado ensolarada lá na Cavalhada, que era longe na época, na presença de uma guitarra Supersonic vermelha Giannini, uma órgão eletrônico e um experiente músico, Seu Danilo, (pai do Caio) eu assistia a um ensaio dos “Violeiros Desgarrados”. E eles tocavam Two Of Us e I've Got A Feeling. Eu até cantei junto! Quanta emoção. Estava virando músico. Minha cabeça pirou. A música se tornou uma obsessão e comecei a ouvir um monte de outras coisas. Kiss, Queen, Deep Purple, Yes, Jethro Tull …
Aquele Ensino Médio pra minha formação como estudante foi uma naba, mas, para o aprendizado musical foi ótimo. Minha Turma de colégio e eu íamos ao Unimúsica na Reitoria da UFRGS, a pé, todas as sextas-feiras e vimos muitos shows de artistas locais de graça, Cheiro de Vida, Raiz de Pedra, Bebeto Alves, Nelson Coelho de Castro, Nei Lisboa, etc. Bons tempos os anos 80. Em breve, o Paulo Ricardo desistiria dos Desgarrados por causa de brigas, e formaria uma nova banda, pra tocar somente MPB e Música Gaudéria (é, eu também já bebi disso …), e o nome, esquisito, seria Carreteiro de Charque.  


Com formação variável, mas sempre eu de baixista, o grupo fez apresentações no circuito meninodeusense, escolas do bairro (incluindo o Presidente Roosevelt e o Infante Dom Henrique onde cursei os ensinos fundamental e médio, respectivamente). Dividimos o palco com o Canto Terra e com quem mais? Adriana Calcanhoto. Isso mesmo. Saída direto das aulas de música do Infante, ela ganhou uma chance de mostrar seu repertório desenvolvido na churrascaria Chama Crioula e seus agudos poderosos. Chegamos a compartilhar um programa na TVE onde ela fez uma participação especial, afinal, nós éramos mais conhecidos que ela.
Mas minha paixão mesmo era o Rock. Por isso articulei com meus comparsas um grupo que tocasse somente esse ritmo. Custou para o seu Fernando Trein comprar uma bateria, que era bem cara. Eu já era um músico experiente (quá,quá) e o Alexandre Farina foi se encarnando na guita e a coisa foi melhorando. Tocávamos com uma caixa de guerra e pratos de banda marcial improvisados como batera. Coisas fáceis claro, “Cold Gin” do Kiss, e nossa última paixão, O Sabbath …


Pintamos camisetas e batemos fotos. Infelizmente, como banda, só restou uma chapa de recuerdo.



Na primeira e única mostra musical do IDH, feita pra romper com os grilhões da ditadura, cantei … “general's gather in the masses ...” Sucesso absoluto. Garotas histéricas, frenesi, fama instantânea na Escola, em nossa quase única apresentação. Nos dois anos seguintes comprei um cantrabaixo novo, mas, encafifado com a vida, parei de tocar. Fernando Trein foi o primeiro a se profissionalizar, comprou a antiga bateria Pearl de Alexandre Fonseca e seguiu em frente, tendo aulas com o digníssimo mestre Sílton Tabajara, o Taba, até começar a cursar administração. Hoje é um bem sucedido professor da ESPM. O Farina virou jornalista. Eu e ele ainda tocamos juntos na Hora H durante metade da década de 90.
A paixão pela música continua, até o fim dos tempos ...

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