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Professor, Músico, Audiófilo, Cientista Político, Jornalista, Escritor de 1968.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

David Bowie, O Mutante imprevisível se (re)cria.


É impossível não ficar embasbacado com tanta alteração de curso. Quando a gente acha que capturou a essência da criatura, ela foge. Esconde-se atrás de seu ego impossível de se mensurar, criando um universo novo a cada investida. Nos mostra como somos vários em um, que é possível se reinventar a cada fase de nossa vida criando um novo universo em cada página virada.


Poderia ter sido um monge budista. Ou apenas ter se consolidado com um humilde mímico e ator, mais um ilustre e talentoso desconhecido multiartista. Mas jamais desistiu da fama, objetivo para o qual parecia ter sido criado. Ainda que tardia, pois a obteve depois dos 20, fez de tudo para conseguí-la. Até mesmo dormir com quem fosse necessário. Seu primeiro verdadeiro casamento, com Angie, foi a definitiva produção inicial de si mesmo. Encontrou alguém para direcioná-lo, e também não teve prurido de trocar tudo quando se encheu. É, assim são os artistas, assim é Bowie.


Tanta inteligência e talento para o Pop sempre se expandiu na hora certa, mais do que imitando, ditando moda. Ator, web-designer, estilista, cantor, compositor, arranjador, pintor? O importante é a arte, não o meio para expressá-la. Sejamos pragmáticos como ele o é. Vejamos o que esperam de nós, atendamos à demanda e acrescentemos nosso dom. Aí teremos a novidade, pronta pra ser admirada por todas as partes do mundo.

Desde um convencional cantorzinho inglês que faz comédia até o mais desbravador artista underground eletronificado, nosso herói é uma verdadeira metamorfose. Não satisfeito em criar um personagem que marcou toda uma geração e um estilo, ele abandona o barco e investe na profundidade de Orwell, na transcendência de Turcos e Berlinenses, na eletrônica e na livre experimentação, vira um suíço de coração e produz algumas das canções mais marcantes do pop rock. Sempre reciclando músicos e amigos, pelo menos é fiel a si mesmo. Não trai sua natureza renovadora.

Inesquecível ouvir Five Years pela primeira vez. É a valsa do mundo contemporâneo e cada vez mais atual. Teremos realmente 5 anos? O mundo urge, as pessoas se descontrolam e caem na violência. Há muita informação, mas ninguém sabe de nada. A glamorização dos ricos e famosos se tornou insuportável. O culto ao bizarro também. Bowie é o criador e a criatura dos eventos pós-modernos. Culpado ou vítima?


Mesmo sem ser famoso ele escreveu algumas canções incríveis: Life on Mars?, Changes, Oh, You Pretty Things estão entre as melhores, com certeza. Não há quem não tenha dançado ao som do existencialismo de Let’s Dance ou China Girl nos 80. Não há quem não queira ver um show seu, que é sempre inovador e/ou surpreendente.  
            Mas por onde anda essa pessoa? Provavelmente em uma bucólica paisagem, curtindo a vida, nos dando, mais uma vez, o exemplo do que é melhor fazer em uma determinada época, depois do desgaste da mocidade. Afinal, cabe aos grandes nomes da cultura encaminhar as novas gerações para o conforto e a beleza.

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